Não tens corpo, nem pátria, nem família, Não te curvas ao jugo dos tiranos. Não tens preço na terra dos humanos, Nem o tempo te rói. És a essência dos anos, O que vem e o que foi.
És a carne dos deuses, O sorriso das pedras, E a candura do instinto. És aquele alimento De quem, farto de pão, anda faminto.
És a graça da vida em toda a parte, Ou em arte, Ou em simples verdade. És o cravo vermelho, Ou a moça no espelho, Que depois de te ver se persuade.
És um verso perfeito Que traz consigo a força do que diz. És o jeito Que tem, antes de mestre, o aprendiz.
És a beleza, enfim. És o teu nome. Um milagre, uma luz, uma harmonia, Uma linha sem traço... Mas sem corpo, sem pátria e sem família, Tudo repousa em paz no teu regaço.