"E os gestos que não fazemos à espera que os outros os façam por nós!
E assim perdemos a vida… que é uma expressão permanente que não pode ser adiada nem diferida… nenhuma prova de comunhão devemos esperar receber se não formos capazes de primeiro ousar!"

Miguel Torga

Conselho

Cerca de grandes muros quem te sonhas.
Depois, onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Pões quantas flores são as mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não ponhas nada.

Faz canteiros como os que os outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim como lho vais mostrar.
Mas onde é teu, e nunca o vê ninguém
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.

Faz de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és -
um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu vês...

Fernando Pessoa

Pegadas

“Cada um que passa na nossa vida, passa só, pois cada pessoa é única, e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa na nossa vida, passa sozinho, mas não vai só. Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si, há os que levaram muito, mas não há os que não deixaram nada. Esta é a maior responsabilidade da nossa vida e a prova de que duas almas, não se encontram por acaso...”

Charles Chaplin

"Se eu te pudesse dizer o que nunca te direi, tu terias que entender aquilo que nem eu sei."

Fernando Pessoa

25 de Abril de 1974

"Words mean more than what is set down on paper. It takes the human voice to infuse them with deeper meaning."

Maya Angelou

Ciranda

Para responder a esta proposta inesperada por parte do Outro Lado da Lua :-)

As regras:
1. Agarrar o livro mais próximo: A criança que não queria falar, de Torey Hayden.
2. Abrir na página 161;
3. Transcrever a quinta frase completa:

"O riso de Chad transformou-se em gargalhadas. E contagiosas. Pus-me também a rir."

Passo agora esta ciranda para os blogues:
Em Vias de Extinsão, de Hugo Ferreira
Maré de Ideias, da Margarida

"Filhos do Coração" - Crianças escravas no Gana

No lago da escravatura
O silêncio é ensurdecedor
E as crianças traficadas
São filhas de um Deus menor
Quem as traiu e as vendeu
Não ouviu seu coração
Pescam nas águas do lago
Escravas de profissão

Sorrisos roubados
Infância roubada
São simples escravos
Sem direito a nada
E crescem sem sonhos
Nas águas do inferno
Pescando no lago
Onde é sempre Inverno

Com a infância traficada
Mergulham na escuridão
De uma vida sem esperança
Sem sentido, sem razão
Crianças domesticadas
No lago da escravatura
Deixam nas redes a infância
Sem sorrisos, sem ternura

Tózé Brito